No mundo de hoje é possível planejar?

No mundo de hoje é possível planejar?

Muito tem se discutido sobre a velocidade das mudanças e de como estas avançam exponencialmente. A criação do termo VUCA, formada pela primeira letra das palavras: Volatility (volatilidade), Uncertainty (incerteza), Complexity (complexidade) e Ambiguity (ambiguidade), foi introduzida pelo exército americano no final dos anos 80 e disseminado pelos lideres militares ao longo da década de 90 para descrever os ambientes desafiadores da geopolítica mundial. No começo dos anos 2000 chegou aos livros de gestão estratégica e em 2010 foi incorporado pelo mercado, criaram-se correntes de pensadores e filósofos afirmando ser impossível planejar neste cenário.

A partir de 2020 com o aparecimento da pandemia de Covid-19 surge uma nova corrente apresentada pelo futurista e autor norte-americano Jamais Cascio, que prega um avanço do mundo VUCA para o BANI, termo em inglês, formado pela primeira letra das palavras: Brittle (frágil), Anxious (ansioso), Nonlinear (não linear) e Incomprehensible (incompreensível). Podemos então sugerir que precisaremos reavaliar a forma como enxergamos e entendemos o mundo. Reprogramar, aprender a desaprender o tempo todo. O caos está implantado!

Mas, o que isso tudo tem a ver com planejamento estratégico? Ora, se os cenários mudam a toda hora, se as incertezas são muitas, se as soluções se tornam mais complexas, difícil definir o que é certo e o que é errado, se o mundo não é mais linear e, portanto, incompreensível e sujeito a rupturas nos tornando cada dia mais ansiosos, como poderemos criar ciclos de planejamento estratégico que projetam o futuro? O futuro é cada vez mais incerto.

Tenho trabalhado com grandes profissionais na elaboração de planejamentos estratégicos há mais de 25 anos e já passei por diversas experiências boas e outras nem tanto. Planejamentos que transformaram Organizações e outros que nem tanto. Mas, a verdade é que sou um estudioso nato sobre estratégia e planejamento avaliando os resultados na prática e aprendendo com eles. Então neste momento nos reportamos à pergunta do título deste artigo: “No mundo de hoje é possível planejar?”. Afirmo que não somente é possível como é inevitável não planejar se as Organizações quiserem sobreviver.

No caos de hoje talvez seja impossível prever, improvável controlar ou evitar muitas situações, contudo é imprescindível agir e reagir com agilidade e assertividade para garantir a sustentabilidade e a vantagem competitiva das Organizações. E como fazer isso sem nenhum planejamento? Como ser ágil e assertivo sem um Objetivo claro e disseminado em toda organização? Como sair da inércia sem um propósito? Como gerenciar organizações sem foco? A famosa frase “se você não sabe aonde quer chegar qualquer caminho serve” de Lewis Carroll ao escrever Alice no País das Maravilhas, está valendo ainda mais hoje em dia.

Dito isto podemos inferir que a mudança não está na impossibilidade de se planejar estrategicamente, mas em como se constrói e executam os novos planejamentos estratégicos atualmente. Jamais poderemos abandonar os valores que direcionam as atitudes cotidianas nas Organizações. Anteriormente os planejamentos eram elaborados somente pela alta gestão, Conselhos de Administração, C-Level, Diretores e em alguns casos Gerentes e traduzia-se para os demais níveis da organização através de indicadores e metas. Elaborado geralmente em uma reunião de imersão de final de semana em hotéis, com pouco ou quase nenhum estudo prévio e muito mais focado no “feeling” e conhecimento dos participantes. Um exercício de prever o futuro e definir caminhos a serem atingidos. No século XXI é importante e imperativo um número maior de participantes na elaboração dos Planos Estratégicos das Organizações. Diversidade, empatia, escuta ativa, entendimento dos vieses culturais, análise de riscos, ativismos e propósito bem definido será primordial para dar a toda a Organização possibilidade de ação com agilidade e assertividade necessárias.

Os cenários podem mudar a toda hora, mas se existir uma visão clara de onde se quer chegar, bastará ajustar as coordenadas e continuar em busca dos grandes objetivos. É preciso reputar autonomia a todos os níveis organizacionais e se os valores, objetivos e propósito não estiverem bem sacramentados e incorporados os resultados possivelmente não serão alcançados. Neste contexto, pensar nas pessoas como as reais propulsoras e entender os seus valores tratando-as como o todo e não como parte do todo é fator crítico de sucesso para o planejamento estratégico. A inovação surge das ideias daqueles que fazem parte da Organização e entendem bem as necessidades dos seus atuais e futuros clientes. Exercícios de cocriação, Design Thinking, fazem parte deste novo modelo. É preciso resiliência para entender a essência. Tudo pode mudar, mas quando a essência é mantida, aprendizado e crescimento são possíveis. Autoconhecimento, atenção plena e empatia costumam ajudar a diminuir a ansiedade. Ao final deste artigo, concluímos que o importante é como desenvolver planejamentos estratégicos, porém jamais abandoná-los! Sem foco não saberemos aonde queremos chegar e nem avaliaremos se estamos no caminho certo.

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